Todos evitam o assunto. É sussurrado pelos cantos. Causa horror e
piedade. Muitos têm medo da Morte.
Minha mãe, apesar de Kardecista e freqüentadora da Federação Espírita do
Estado de São Paulo, sempre vem me contar, horrorizada, casos de mortes por
assassinato, latrocínio e afins. Dá última vez, disse a ela que estava tudo
certo. Ela respondeu – mas foi assassinato! Retruquei - “E Deus não autorizou
esse?” Ela calou.
Vamos rever uns conceitos aqui:
1 ELE é Onipotente, Onisciente e Onipresente. Só isso
bastaria para definirmos toda e qualquer religião, mas as pessoas adoram
complicar.
2 “Não cai uma folha de uma árvore sem que o Criador
deseje”. Então TUDO que ocorre, é por desejo e autorização DELE, certo?
3 Ao absorver o drama da televisão sobre assassinatos,
guerras, raptos, etc, entramos em sintonia com essa chamada, desgraça, e saímos
da sintonia do que ELE deseja. Estamos sujeitos assim a TV. EU prefiro estar
sujeita ao CRIADOR!
4 Toda ação gera uma reação. Esquecemos dessa regrinha
também, por isso ainda matamos e torturamos uns aos outros. Seria razoável
lembrar que tudo que fazemos volta para nós. Pronto, problemo solved, como
dizem os Pinguins do Madagascar!
A Morte então se torna uma passagem do corpo carnal (falível, aliás)
para um não corpo. Acho difícil expressar aqui o que nos espera além da carne.
A única certeza é de que não há carne, pois aqui ela fica e volta ao pó. O
depois, ficará para depois.
Se ELE autoriza que nós morramos, vamos pensar por um momento: existe
morte boa ou ruim? Ou morte sem dor ou dolorida? Se Ele autorizou Hitler matar
todos aqueles seres humanos e nem um raio caiu do céu na cabeça do Reich, o que
dizer de um pai que mata um filho hoje em dia? É a mesma morte: a da minha avó que
morreu de velha no hospital, e a criancinha largada ao nascer numa calçada!
Parece cruel? Para a televisão sensacionalista é o máximo! Para Deus, mais uma
vida que se acaba e pronto!
Haverá conseqüências para quem largou a criancinha? Lógico que haverá –
vide regra 4 acima.
Os karmas são criados por nós. Nós aprontamos uns com os outros e
criamos dívidas sem fim. Deus só observa... Ele não fez nascer um paraplégico,
ele nasceu limitado para aprender algo. Crianças nascem e morrem em seguida, se
você dramatiza, se é preso ao materialismo, sofre sem parar dessa “injustiça”.
Vide regra 1. ELE sabe o que faz. Nós é que não entendemos. A criança nasce e
morre por que só bastava essa experiência de 1 hora de vida. Se você tinha
planos para seu filho/a, isso é sua ideia, não a do seu filho/a.
Relendo o texto, soa muito cruel. Mas realismo é cruel. A verdade nem
sempre é agradável, e ainda sim é mil vezes melhor que a mentira.
Melhor saber que a Morte chegará de qualquer maneira e teremos cumprido
nossa missão e, sem apego, largamos o corpo físico, do que a mentira do Céu, do
Paraíso, ou o medo do Inferno. Nenhum desses lugares existe após a Morte. Aliás,
eles estão bem aqui. Nós criamos nossos Céus e Infernos bem aqui na Terra.
Fico imaginando a programação das Tvs sem dramas: e mais uma notícia – “nasceu
mais um pé de Ipê na beira da Marginal Tietê hoje! Há alguns metros desse novo espécime, temos um Ipê Rosa com toda a florada,
vejam as imagens!” E a cena mais linda do mundo – a árvore cor de rosa.
Drama vende. A população adora sentir-se parte de um jogo onde Alguém
decide por eles. - Vida e Morte não estão em nossas mãos, então eu sou “coitado”
e peco muito! Ah desculpinha boa! Como é fácil viver sem responsabilidades.
Assumir que serei assassinada porque assassinei antes, isso é duro!
Mas a história mostra exatamente isso – muitas cenas repetidas. Desde
começou a História, alguém matou alguém! Nunca ninguém parou para pensar nisso?
Faz parte da nossa estupidez matarmos, até que um dia entenderemos a Regra 4 e
tudo isso acaba!
Mortes por acidentes, balas perdidas, afogamentos, acidentes de carro,
muitas delas, poderiam ser evitadas. E se repetem anos após ano, sem serem evitadas, no Brasil, na
China e na Sibéria. Pessoas morrem de várias formas. Mas como evitá-las se eles
têm que acontecer de uma maneira ou de outra? Não tem karmas de vidas passadas
e chegou o dia? Comeu bem, fez exercícios, não fumou, nem bebeu, saúde
perfeita? Vamos derrubar um piano aqui na hora que ele passar, porque hoje é o
dia! O drama surge então – coitado, caiu-lhe um piano na cabeça! Não é o ‘como’
mas sim o ‘quando’, porque na hora certa de nascer, nascemos, e na hora certa
de morrer, morremos!
Termino aqui salientando o fim da conversa com a Di, senhora minha mãe.
Passaram 24 horas e ela voltou no assunto da Morte. E concluiu que quando
é chegada a hora, teremos que partir, de tiro ou morte morrida!
Boa vida a todos!

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