POR QUE FAZER EXERCÍCIO?
Muito
se fala em fazer exercício, caminhadas, sair com o cachorro, correr, entrar
para uma academia, mover-se, sair do sofá, etc. (ufa, já cansamos né?)
Pergunto
a vocês: alguém sabe me dizer o POR QUÊ de tanto apelo ao movimento?
Tudo começou
milhões de anos atrás quando começamos a nos mover em dois pés.
O Primeiro Hominídeo foi
desenhado para sobreviver num ambiente onde era obrigado a deslocar-se pé,
caçava e carregava a presa por muitos quilômetros, defendia-se sozinho de
animais que o atacassem, construía suas próprias armas, a diversão era pintar
na parede da caverna as aventuras do dia e, muitas outras atividades que
dependiam exclusivamente de sua força física.
Os corpos desses antecessores do
homem moderno eram 100% adaptado àquela vida desgastante. Músculos,
articulações, sistemas de sobrevivência (digestão, respiração, sentidos, etc) e
aparência eram todos voltados a sobreviver custe o que custar.
A musculatura desenvolvia-se a
partir da necessidade diária – quanto mais ele caminhava, mais forte e leve ele
ficava. Se precisasse carregar muitos pesos, seu corpo se tornava mais robusto
para suportar a labuta. Se ficasse cuidando dos rebentos pré-históricos, com
certeza, motricidade fina era desenvolvida (coordenação motora de precisão).
Assim, de acordo com a demanda de atividades, os corpos se modificavam para
atender àquelas tarefas.
Sistemas de digestão e respiração
eram também alterados para que houvesse absorção tanto de alimentos disponíveis
como qualquer qualidade de ar (na época deveria ser escassa a comida e o ar não
tão fácil de respirar!).
Cabelos e pelos, tipo de nariz e
pele, dentes e tamanho de pés e mãos se adaptavam ao clima e geografia do local
que gerações de famílias viviam. Mais calor, nariz achatado e grande; mais
frio, nariz fino e alongado, proporcionando assim maior facilidade para
respiração. O cabelo liso de nada ajuda em ambientes muito quentes, já que,
pasmem, o cabelo foi criado para proteger a cabeça! Portanto cabelos mais
crespos e grudados na cabeça são excelentes protetores do crânio contra o calor
do Sol. O cabelo liso deveria ser longo para proteger o pescoço no frio. Pés
grandes e ásperos para superfícies duras eram perfeitos. Acredito que manicures
foram inventadas junto com sapatos...
Vamos comparar com o Homem do
século XI: vai de carro na padaria que fica 3 quadras da sua casa; adquire
alimentos no supermercado, sem precisar lutar ou matar ninguém; protege-se
através de circuitos de tv, cercas elétricas, grades eletrônicas, porteiros
eletrônicos; controle remoto para todos os aparelhos que tem em frente a um
grande e espaçoso sofá, diverte-se geralmente na posição sentada, jogando games
que imitam a vida sem que haja participação nela!
O corpo do homem moderno,
entretanto, é o mesmo projeto básico do Homem de Nendertal! Nosso aparelho
motor é o mesmo. Sistema digestivo, o mesmo; respiratório, idem. Cabelos e
pelos, tudo igual, nascem adaptados ao local que seus ancestrais nasceram.
O cérebro ainda guarda programas
de sobrevivência para impedir que morramos em caso de desnutrição, tais como,
diminuir batimento cardíaco e causar sonolência. Fique sem comer muitas horas e
observe que começará a bocejar! É o cérebro te desligando para preservar
energia.
Somos o mesmo projeto, todavia,
não usamos mais o corpo para as mesmas atividades! Há muito tempo que não
caçamos para comer, com exceção da família Real Britânica que insiste na
prática! Nossa atividade mais cansativa para alimentar-se é ir ao restaurante!
E depois de comer muito, voltar para casa com sono.
Vivemos um período de fartura
onde reclamamos no supermercado quando falta iogurte desnatado! Banana
machucada? Irc! Comida de ontem? Jamais! Hoje nos damos ao luxo de viver a
superprodução de alimentos e desperdiçamos muita comida. Nos primórdios era
assim: acabou a comida? Só quando o papai for caçar de novo e voltar com a
carne. Não gostou? Passa fome!
Os corpos de hoje poderiam muito
bem ser assim:
Apresento a vocês o Captain
MacCread do desenho Wall-E. Esse personagem é a imagem de um homem em 100 anos.
Já não se caminha mais, há carrinhos que flutuam e te levam onde quiser. A
comida é servida no próprio carrinho, e ele cuida de te colocar na cama. Para
os preguiçosos de plantão, um sonho! Como as pernas não são mais utilizadas diminuíram
de tamanho; o pescoço, que já não gira mais (o carrinho vira para você!)
desapareceu; braços encurtados, já que todos os comandos são feitos por voz.
Ora, mas esse corpo é perfeito para os dias de hoje!
Toda nossa força e flexibilidade
são inúteis diante das modernidades que surgem sem parar para “facilitar”
nossas vidas.
O corpo grita pedindo por
movimento, e nós, em vez de levantarmos da cadeira, apertamos botões...
Esticamos os cabelos já que no
Sol, usamos chapéus.
Afinamos os narizes sem entender
que há um motivo por todo formato de corpo. Lembro-me que um aluno perguntou-me
como engrossar as suas panturrilhas finas. “Você nasceu velocista!”-respondi. “Corre
mais rápido que qualquer um nessa sala, apenas desconhece o propósito do seu
corpo! E mais, é impossível engrossar panturrilha. Coloque silicone!”
Negamos nossa existência a todo o
momento. E, em nome da modernidade, ficamos doentes! AH, esqueci-me de escrever
– não utilizar o corpo da maneira projetada causa muitas doenças e deficiências. Uma maneira de protesto
corpóreo, acredito eu.
O excesso de gordura entope as
veias e o excesso de peso machuca as articulações. A falta de movimento causa
dor e infecção das articulações. Excessos alimentares destruíram os programas
cerebrais, bagunçaram com o software neural de tal maneira que a propaganda na
TV tem mais força que seu estômago cheio mandando aviso – CHEGA!
Por desconhecermos nosso
propósito, desejamos ser como os outros, ter os corpos dos outros e mudamos
através de cirurgia o projeto original, arriscando causar uma pane geral no
sistema por vaidade.
Sem saber quem somos na verdade,
deixamos os outros comandarem nossa vontade, permitimos que escolham por nós.
Imaginem, se nem nós sabemos o que queremos, quem pode saber por nós?
Ficou triste? Eu também fico às
vezes. Sabe o que me alegra? Cada vez mais pessoas ouvem o próprio corpo! Veja
os parques, ruas e ciclovias cheias de cidadãos se movimentando. Não há mais o
objetivo de matar aquele dinossauro chato que fica na porta da caverna
esperando alguém sair para ele comer. Hoje fazemos movimentos apenas para
manter o “aparato corporal” funcionando bem. Patinamos, escalamos montanhas,
atravessamos rios e mares sem nenhum objetivo crucial, fazemos por desafio
pessoal, por prazer, porque depois nos sentimos muito bem!
Nossa espécie não é das melhores.
Ainda fazemos muitas besteiras. Comemos errado, em excesso, somos preguiçosos e
nem sempre queremos saber o por que de estarmos nesse Planeta. Entretanto,
quando vejo uma família num parque, jogando bola com as crianças, acende dentro
de mim uma luzinha de esperança de que continuaremos a ser “seres que se movem”
e utilizam o corpo como no projeto original.

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